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CIRANDA Assentamento rural do Movimento Sem Terra  

Limeira/SP 

A iniciativa de construir um parquinho para o assentamento Elizabeth Teixeira partiu do Coletivo Universidade Popular. Parceiro do assentamento há anos, o coletivo dispôs do recurso inicial para a compra dos materiais, enquanto o Móbile, Escritório Modelo da Unicamp, ficou responsável pelo desenvolvimento da proposta. No momento da apresentação da proposta aos assentados, participaram também membros da ONG Cedeca atuantes em atividades do assentamento e que congregavam consigo parceiros como o Coletivo King Chong e colaboradores do Terreiro de Umbanda. A somatória de coletivos em comum acordo com os assentados passou a organizar os mutirões de construção, tornando este um espaço de diálogo entre os coletivos e interação com os assentados.

 

Em 2016, após uma série de dificuldades internas junto à gestão municipal, enfrentou-se um período de distanciamento entre os membros do assentamento. Na época, a “escolinha”, edificação construída por meio de mutirões autogeridos, revelava-se como o único espaço compartilhado entre os assentados que a utilizavam para diferentes atividades, como consultas periódicas, missas dominicais, ensino de jovens adultos, assembleias e, fundamentalmente, a realização da ciranda entre as crianças. 
 

Entretanto, a somatória de tantas eventos em um único espaço, de pequenas dimensões, passou a não comportar a dinâmica. Dessa forma, a necessidade de desenvolver uma territorialidade própria às atividades dos Sem Terrinha e a primordialidade em gerir novos espaços de comunhão entre os assentados fomentou a construção de um parquinho em moldes de mutirão. 

 

"Precisamos entender que as crianças têm iniciativas, têm opiniões, e que, muitas vezes, ao questionarem os adultos em suas atitudes, impulsionam mudanças. Se observarmos atentamente e dermos espaço é possível vermos na auto-organização das crianças em suas atividades e na relação com os adultos a criação de coisas novas e autênticas." (MST, 2011, p. 25)
 

A proposta da Ciranda Infantil do MST é criar um espaço educativo e organizado com o objetivo de trabalhar as várias dimensões do ser criança Sem Terrinha, como sujeito de direitos, com valores,  com imaginação, com fantasia, com vínculo às vivências do cotidiano, com relações de gênero, com cooperação, criticidade, e autonomia. São momentos e espaços educativos intencionalmente planejados, nos quais as crianças recebem atenção especial, cuidado e ensinamentos, em consonância, a ocupar o seu lugar na organização da qual fazem parte. É muito mais que espaços físicos, são espaços de trocas, de aprendizados e de vivências de novas relações.

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A proposta arquitetônica procurou alinhar três pontos fundamentais: a dimensão pedagógica do ciranda como espaço de formação do MST; a ocupação do terreno em vista do baixo orçamento e construção da paisagem; e a condição construtiva voltada a mutirões autogeridos adotando o processo como parte fundamental à construção do espaço. 


O desenho do espaço explorou condições que alternassem altura e percurso, levando a criança a explorar diferentes possibilidades em torno do parquinho ao invés centralizar as atividades nos brinquedos. Se tornou central, portanto, a construção do espaço aberto, dimensionado em torno de um marco simbólico em contraponto à escolinha. Foi proposto uma estrutura em hiperadobe desenhada segundo dois semi-círculos como o contraponto desejado, enquanto variou-se a altura do hiperadobe explorando diferentes percepções do espaço que permitissem brincadeiras ao redor da estrutura.
 

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