top of page

C A R T A   C O N J U N T A

​Atualmente as escolas de ensino médio no Brasil direcionam suas pedagogias para o ingresso do aluno nas melhores universidades do país, quase sempre relacionando o êxito nesse objetivo com a quantidade de alunos ingressantes na universidade.

​​

Contudo, a qualidade do aluno que entra e sai do ensino superior é a verdadeira medida entre êxito e fracasso. Aquele que tenha pesquisado um pouco sobre a função da universidade na sociedade consegue discernir com clareza o papel a ser desempenhado pelos seus alunos. A universidade pública tem o dever de servir a sociedade em que está inserida, uma vez que ela foi estabelecida por esta e a influencia de formas diversas. O conteúdo ensinado em sala deve extrapolar os limites do campus e atingir os que realmente precisam desse conhecimento. Este é o ponto crucial: o conhecimento; os saberes devem atingir quem deles necessita, e não apenas circular no âmbito intelectual restrito às salas de aula, desprovidos de qualquer contato real com alguma comunidade que possa se desenvolver através deles. Analogamente, a sociedade pode dispor de seus conhecimentos que deveriam ser incorporados pela universidade, desconstruindo a ideia de instituição intocável e suprema em relação ao saber.​
 

​        Poderíamos qualificar a profissão do arquiteto como uma ciência sociológica aplicada, porém, dentre as qualidades que compõem o ambiente multidimensional do arquiteto, a faceta sociológica é facilmente posta de lado. Tão importante como a ciência da construção do edifício, da historicidade que ele guarda, é saber a quem estas arquiteturas servem, e tomar as decisões necessárias para que elas se desenvolvam de maneira adequada e coerente, objetivando primordialmente o bem estar.​
 

​           Dentro do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, um grupo de alunos demonstra as ambições já descritas. Contudo, não é um simples querer. O momento é propício. A Semana da Arquitetura da Unicamp (SAU) de 2012 resgatou uma arquitetura vinculada à resolução de problemas sociais, abordando temas como a economia e eficiência na construção, sua realização por mutirões autogeridos e o projeto participativo. Ao mesmo tempo, dois grupos de alunos, paralelamente estudavam e buscavam um meio de criar debates constantes e conscientes, e de atuar junto à sociedade, estabelecendo assim uma linha de comunicação entre esta e a Universidade. Tudo isso vem à tona na ocasião em que a origem e antecedentes do curso são expostos aos alunos pelo arquiteto Joan Villà, bem como a herança deixada pelo antigo laboratório de habitação da Unicamp. Ademais, obtivemos o aval histórico que garante a integridade do que pretendemos: dar continuidade ao processo de amadurecimento do curso, que passou por questões semelhantes em seu início, posteriormente se tornando parte do sistema vigente e excludente, agora contestado.​
 

​         Buscamos uma estrutura que consiga difundir seus conceitos pela Faculdade, e que consiga atravessar os anos e estabelecer-se como uma entidade permanente. Ao mesmo tempo buscamos a união dos integrantes nas tomadas de decisão, organizados de forma horizontal, e a captação de projetos que possibilitem o exercício das questões levantadas por esse documento. Elegemos uma estrutura de trabalho móvel e flexível, baseada em deslocamentos e desenvolvimento de projetos, em parte, nos próprios locais em que serão realizados e em conjunto com as pessoas que irão usufruí-los e construí-los. Dessa forma a intenção de levar o conhecimento acadêmico até essa população se torna literal.​
 

​        Mais do que um número razoável de alunos que se reúnem frequentemente e discutem arquitetura e como fazê-la, somos um Grupo de Arquitetura. Mantemos os ideais alinhados entre todos os integrantes e buscamos propostas viáveis de execução.​
 

​           Não existem estilos ou vontades, existe arquitetura a ser feita.​

​
 

EMAU Unicamp . Móbile
20/02/2013
bottom of page